Sempre defendo e gosto das redes sociais.
Confesso. Quando ouço alemães questionarem o sigilo de dados pessoais e a posse
de algumas informações para uso de mercado, tento mostrar o lado legal da
coisa. Meus colegas na universidade organizam tudo via Facebook, em um grupo
fechado do mestrado, claro! Seminários, troca de textos, resumos, encontros de
trabalho e tantas outras coisas. É comum eu receber mensagens: “Estou na
biblioteca, alguém está por aqui e vai almoçar na Mensa?” (restaurante da
universidade). Sim, festas também entram na lista de atividades. Assim, se eu não
fosse membro da rede, ficaria um pouco à parte da coisa.
Também adoro receber a primeira página
da Folha todos os dias, as atualizações dos blogs que sigo, uma ou outra notícia
do Süddeutsche Zeitung ou da
Deutsche Welle. Muitas
vezes leio também compartilhamentos interessantes, textos de jornalistas pelo
mundo e uma porção de outras coisas bacanas. Mas antes que alguém pense que eu
só uso a rede para motivos nobres, confesso que também bisbilhoto a vida
alheia. Adoro ver os filhos das amigas crescerem. Eu os encontrei uma, duas ou
até mesmo nenhuma vez. Mas de tempos em tempos, deparo-me com uma foto e penso:
“como cresceu”!.
Mas (esse mas tinha que chegar, senão
eu não teria pensado em escrever o texto!), algumas coisas me deixam um pouco
intrigada. Outro dia li duas matérias independentes uma da outra sobre linhaça
e disfunção da tireóide. Agora fica uma série de propagandas e pop ups de
dietas na minha barra do facebook. Outra coisa que me deixa um tanto (vamos
pensar uma palavra adequada) perplexa, abismada ou, sei lá, em dúvida mesmo, é
algumas coisas que acontecem no dia a dia das redes. Eu já vi fotos de gente
que não tem Facebook no meu mural. Também já vi fotos minhas postadas por
terceiros. Não é chatice, juro. Mas tenho a sensação de que não existe mais
esfera privada nesse mundo. Será que a gente nunca mais vai poder ir a uma
festa, casamento, reunião com amigos, almoço de família, tirar fotos alegres
sem o receio de que alguém as colocará nas redes sociais? O pior é que na hora
da animação, “gente vamos tirar uma foto todo mundo junto”, você banca o
pentelho se fizer aquela observação: “mas sem Facebook, né”? E quando a pessoa
que posta, quiçá na foto está?
Não queria ser radical como sociólogos
que não comemoram Natal com seus filhos pequenos só porque são ateus (desculpe
pelo estereótipo! Eu acho os caras um barato, foi só uma brincadeira). Mas
nunca se passou pela cabeça de ninguém, que se eu quisesse fotos minha nas
redes sociais, eu mesmo postaria? Se um dia eu tivesse um filho, escreveria na
porta da maternidade: “visita ou entrada sem I Phone ou máquinas fotográficas”.
Porque, com certeza, um monte de gente legal, com boas intenções, orgulhosos,
corujas ou seja lá o que for vai postar uma bendita foto sem a minha autorização
pra mostrar pro mundo a nova alegria. Tudo bem, acho que no caso de crianças
alheias, há um bom senso maior, mas ainda assim.
Coisa peculiar 1. Ver fotos
suas que não são postadas por você!
Juro, se alguém me escrever e disser que pediu autorização para a sogra, sogro,
mãe, pai e cunhados antes de postar aquela fotona bonita da família, eu retiro
minha afirmação! Peculiaridade 2. Vamos usar as
mensagens privadas, né, minha gente?! Quem se interessa se seu marido acordou
com bafo essa manhã ou se você está com cólicas menstruais e precisa da indicação
de algum remédio? Ninguém se sente assim, meio invadido? Estou mesmo ficando ranzinza?
Vocês acham mesmo implicância?
Obs: Não seria delicado receber uma mensagem do
colega: “posso colocar essa foto nossa na rede”?
Obs. 1: eu nem vou comentar os convites de
joguinhos para não perder a linha!
Nenhum comentário:
Postar um comentário