quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Cisjordânia: Hebron e o conflito entre Israel e Palestina

Tour Leva Visitantes à Dividida Cisjordânia
(Texto originalmente publicado na revista Viaje Mais! Nov. 2012)


Diferentemente de outras regiões como Jerusalém ou Tel Aviv, cidades da Cisjordânia – com exceção de Belém, onde está a Basílica da Natividade, não estampam cartões postais pelo mundo. Enquanto a bolha urbana de Tel Aviv faz esquecer os desentendimentos políticos, distritos como Hebron reproduzem nas ruas claramente o conflito Israel-Palestina.  
Não há perigo em visitar o lugar porque empresas de turismo como a palestina ATG (Alternative Tourism Group) e a israelense de ativistas judeus Green Olive Tours trabalham em conjunto para quebrar este estereótipo. Pode-se trocar a palavra perigoso por tenso, pois os tours abordam assuntos espinhosos como os assentamentos ilegais, o tratamento que a população recebe de soldados israelenses e a demolição de casas palestinas.
No programa está a visita a campos de refugiados, ao muro da segregação, aos assentamentos de colonos judeus, além de almoço em casa locais. O encontro com famílias palestinas ou até mesmo a hospedagem é vista como uma tática por essas empresas para superar preconceitos. Turistas brincam com as crianças, conversam com o casal, convivem com os locais e percebem que estão entre pessoas comuns. A proposta desses grupos de turismo não é só dinamizar a economia local, mas também promover a imagem da Palestina.
O ponto de encontro em Jerusalém é em frente ao portão principal da instituição cristã YMCA (HaMelekh David St.). Mas o nosso guia só entra no ônibus, na cidade de Beit Sahour, próximo à Belém. Ele é um palestino da Cisjordânia, possui um RG verde, e, portanto, não tem autorização para entrar em territórios Israelenses, inclusive Jerusalém. O ônibus passa por regiões de diferentes status dentro da Cisjordânia: área A (sob total controle palestino),  B (controle civil palestino e militar israelense) e C (sob total controle de Israel). O motorista que faz o transporte dos turistas tem um RG azul, de Israel, mas é de descendência árabe. Os israelenses de origem judaica são proibidos de entrar nas áreas A. Parece complicado, mas ao longo da excursão a gente se acostuma.
Estima-se que, no coração da cidade de Hebron, morem 400 colonos e cerca de três mil soldados israelenses para protegê-los. O mercado árabe é coberto por redes para evitar que objetos e lixos atirados pelos colonos caiam nas ruas, sobre as lojas. Para chegar à Tumba dos Patriarcas, onde Abraão está enterrado, é preciso passar por três pontos de controle, os checkpoints. É bom não apontar as câmeras nos rostos de soldados para evitar problemas. Todos passam sem complicações. Locais se espremem na fila com os turistas para escaparem da constante e minuciosa revista. Compreensível, pois fiéis que se dirigem à mesquita são fiscalizados três vezes, durante o caminho. Uma vez por cada checkpoint. Levando em conta que alguns muçulmanos rezam cinco vezes por dia, eles são controlados pelo menos quinze vezes.


A Tumba dos Patriarcas é dividida em duas áreas. Uma mesquita e uma sinagoga, com entradas separadas. No meio dos dois complexos, está o túmulo de Abraão. Turistas podem visitar os dois templos. Para entrar na mesquita, é preciso tirar os sapatos e as mulheres recebem uma capa cinza para cobrirem o corpo e a cabeça. Lá dentro, muçulmanos rezam ajoelhados sobre os belos carpetes vermelhos. Os problemas ficam do lado de fora.
Na antiga rua Al-Shuhada, hoje chamada de Abraão, uma das três últimas famílias palestinas que restaram ali recebem os turistas para o almoço. Eles moram exatamente em frente ao terceiro checkpoint e vivem da pequena loja de cerâmica na frente da casa e do preparo dessas refeições. Trata-se de uma rua fantasma, após o fechamento do comércio e da desapropriação das residências.

Um comentário:

K. Alice disse...

Preciso visitar meu marido palestino em Jenin, será q eu posso ter problemas no aeroporto em Israel? Devo dizer que não conheço nenhum palestino e estou indo só a turismo?